Síndica do JK está internada; irmão dela, que é subsíndico, ocupa cargo em meio a briga judicial
10/09/2025
(Foto: Reprodução) Fachada dos dois blocos do Edifício JK, obra icônica de Oscar Niemeyer em Belo Horizonte
Edmilson Vieira
Maria Lima das Graças, síndica do icônico Edifício JK há 40 anos, obra de Niemeyer localizada no Centro de Belo Horizonte, está internada desde 20 de agosto no Hospital Felício Rocho, no Barro Preto, Região Centro-Sul da capital.
O motivo da internação de Maria, que completou 78 anos nesta terça-feira (9), não foi divulgado. Procurado pela reportagem, o hospital informou que não repassaria informações sobre o estado de saúde dela, a pedido da família.
O g1 ouviu pessoas próximas à síndica e ligadas ao hospital que negam os boatos que circularam nas redes sociais nesta semana afirmando falsamente que Maria das Graças teria falecido.
Segundo o regimento do prédio, o substituto imediato em caso de ausência da síndica é o subsíndico. Nas eleições do condomínio realizadas em 2024, que reelegeram Maria das Graças, o escolhido para o cargo foi Caio Rômulo Delgado de Lima, irmão da titular.
Além dele, o gerente do edifício, Manoel Gonçalves de Freitas Neto, no cargo há 20 anos, também foi eleito subsíndico.
Procurada, a defesa de Maria das Graças afirmou não haver distinção entre os dois subsíndicos eleitos em 2024 e que a administração deve ficar por conta da outra pessoa eleita para o cargo, Manoel Neto, e não do irmão dela.
Moradores confirmam que, apesar de ser detentor do cargo, Caio de Lima nunca apareceu no prédio e nem foi ativo nas decisões da administração.
Atualmente, o prédio possui dois subsíndicos - condição que não está prevista no regimento. O nome de Caio é o primeiro a aparecer. Segundo a defesa de Graças e Manoel, por disposição em ordem alfabética (veja foto abaixo).
Ainda de acordo com os advogados dos administradores do edifício, a situação acerca da vacância e do salário previsto para o cargo serão discutidas em reunião do Conselho.
ENTENDA: Como prédio icônico de Niemeyer em BH com síndica há 40 anos no poder virou palco de trama judicial
Salário de cerca R$ 12 mil
Ainda de acordo com o regimento do edifício, durante a ausência da titular, o suplente passa a receber o salário previsto para o administrador, equivalente a oito salários mínimos mensais — cerca de R$ 12 mil, segundo a cotação atual.
O g1 também procurou Manoel Gonçalves, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem, e tenta contato com Caio de Lima.
O parentesco entre Graças e Caio foi confirmado pela reportagem por meio de documentos públicos, disponíveis em processos judiciais.
Ata da reunião de dezembro que reelegeu dona Maria Lima das Graças e o irmão dela como subsíndico.
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Regimento do Edifício JK, em BH. Transcrição: Viva JK
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Prédio icônico de Niemeyer em BH está no centro de briga judicial
Disputa judicial
O Ministério Público abriu uma ação penal contra a síndica e outro gestor do Edifício JK por suposta omissão na manutenção do prédio, considerado patrimônio cultural.
A promotoria aponta problemas como falta de Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros e má conservação de áreas comuns. Moradores também reclamam de infiltrações, itens danificados e acúmulo de lixo. A primeira audiência está marcada para 7 de outubro.
Eleições questionadas
Em 2021, moradores tentaram anular na Justiça a assembleia que reelegeu Maria Lima das Graças. A tradutora Julieta Boedo, que concorreu à eleição, afirmou que a síndica teria exigido uma caução de R$ 4 milhões para permitir a participação da chapa opositora, gerando contestação entre os condôminos.
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